De acordo com uma autoridade sênior do Banco Central Europeu, o presidente Donald Trump atraiu o mundo inteiro para um jogo em que todos acabam perdendo - referindo-se à sua política comercial, que se baseia em um raciocínio econômico falho.
"As tiradas comerciais de Trump estão desacelerando o crescimento econômico, inclusive nos EUA, e ameaçam minar a estabilidade financeira", disse Francois Villeroy de Galhau, membro do Conselho do BCE, durante um discurso em Nova York.
Villeroy pediu uma redução nas tensões comerciais para evitar uma espiral de aumentos tarifários. "Agora, mais do que nunca, é fundamental falar com franqueza do outro lado do Atlântico, avaliar plenamente os danos da guerra comercial e preparar o terreno para um possível diálogo construtivo", afirmou Villeroy, um dos banqueiros centrais mais influentes da Europa.
Seus comentários figuraram entre os mais contundentes já feitos por um parceiro europeu em temas econômicos e de defesa. Está cada vez mais claro que a aposta do governo Trump em medidas protecionistas tende a ser contraproducente. As tarifas, originalmente criadas para proteger os fabricantes americanos, resultaram em custos de importação mais altos, levando ao aumento dos preços ao consumidor. Isso compromete o poder de compra das famílias e enfraquece a demanda doméstica — um pilar essencial do crescimento econômico. Além disso, as guerras comerciais vêm prejudicando seriamente o comércio global. A incerteza constante gerada por ameaças de novas tarifas e medidas retaliatórias desestimula investimentos e freia o crescimento da economia mundial.
Villeroy também rebateu a alegação de Trump de que a União Europeia foi criada para prejudicar os Estados Unidos, afirmando que o bloco surgiu com o propósito de promover paz duradoura, democracia e economia de mercado na Europa.
As declarações de Villeroy foram feitas poucas horas após o Fundo Monetário Internacional revisar drasticamente para baixo suas projeções de crescimento econômico global para este ano e o próximo — alertando que o cenário pode piorar ainda mais, caso uma guerra comercial em larga escala se concretize.
Mais cedo, na terça-feira, a presidente do BCE, Christine Lagarde, havia apelado aos governos da UE para que reduzam as barreiras comerciais internas, a fim de tornar a economia europeia mais resiliente a choques externos. É evidente que a incerteza em torno das intenções comerciais de Trump atingiu a Europa em um momento de vulnerabilidade. A manufatura e o consumo privado apenas começavam a dar sinais de recuperação, após meses de demanda enfraquecida devido à inflação elevada e aos desafios energéticos — uma retomada agora ameaçada pela escalada das tensões comerciais.
"O comércio internacional não é um jogo de soma zero, em que o ganho de um país implica perda para outro", disse Villeroy. "Pelo contrário, é o meio mais eficiente de alcançar prosperidade compartilhada por meio do intercâmbio de bens e serviços, ideias, talentos e inovação."
Ele também destacou que os EUA deveriam reconhecer o aumento expressivo de seu superávit em serviços com a Europa nos últimos anos, e frisou que um imposto sobre valor agregado não equivale a uma tarifa alfandegária — como sugere o governo Trump. Villeroy concluiu afirmando que ainda há espaço para o multilateralismo pragmático entre EUA e Europa, especialmente em temas como estabilidade financeira, pagamentos internacionais e segurança cibernética.
Vale destacar que a guerra comercial promovida por Trump tem causado impactos significativos nos mercados cambiais. Em tempos normais, investidores recorreriam ao dólar como ativo de refúgio. No entanto, observa-se atualmente uma saída de capitais de ativos denominados em dólar em direção ao euro e à libra esterlina. Muitos traders e investidores demonstram cautela diante da postura agressiva de Trump, temendo que ela possa empurrar a economia americana para uma recessão.
Perspectiva técnica do EUR/USD:
Atualmente, os compradores do EUR/USD devem se concentrar em recuperar o nível de 1,1360. Um rompimento sólido dessa região abriria caminho para um teste de 1,1430. A partir daí, uma movimentação em direção a 1,1500 é possível — embora seja improvável sem o suporte de grandes players do mercado. O objetivo final de alta permanece em 1,1570.
Caso o par recue, uma pressão compradora significativa é esperada apenas em torno de 1,1280. Se esse suporte não se sustentar, o mercado pode buscar a mínima em 1,1210, ou mesmo considerar novas posições longas a partir de 1,1150.
Perspectiva técnica do GBP/USD:
Para o par GBP/USD, os compradores precisam superar a resistência imediata em 1,3300. Apenas esse rompimento permitiria a tentativa de avanço até 1,3350, um nível considerado desafiador. O objetivo de alta mais ambicioso está em 1,3416.
Em caso de correção, os vendedores buscarão retomar o controle em 1,3240. Um rompimento desse suporte enfraqueceria ainda mais a tendência de alta, com potencial de levar o par a 1,3205, e posteriormente, testar 1,3165.