O mercado de ações dos EUA acaba de registrar uma das mais intensas ondas de otimismo dos últimos anos. Na quarta-feira, após uma declaração do presidente Donald Trump, os principais índices acionários fecharam com ganhos recordes.
O S&P 500 saltou 9,52%, o Dow Jones avançou 7,87% e o Nasdaq disparou 12,16%, alcançando sua melhor performance diária desde 2001.
A euforia foi desencadeada por uma medida inesperada da Casa Branca. Apesar do aumento das tensões com a China — incluindo a elevação das tarifas para 125% — o governo dos EUA anunciou uma pausa de 90 dias na imposição de novas restrições comerciais aos países que não adotaram medidas retaliatórias.
A decisão trouxe um alívio imediato, reduzindo a incerteza geopolítica. Os investidores interpretaram o gesto como um sinal de que, apesar da retórica agressiva, a Casa Branca ainda busca evitar uma escalada generalizada nos conflitos comerciais com seus principais parceiros.
As gigantes de tecnologia lideraram o rali do Nasdaq: a Tesla disparou 22,7%, a Nvidia subiu 18,7%, a Apple avançou 15,3%, a Meta ganhou 14,8% e a Amazon teve alta de 12%. Por serem altamente sensíveis ao sentimento global de investimento, a forte recuperação dessas empresas sinaliza um expressivo retorno do capital aos ativos de risco.
Perspectiva técnica para o S&P 500 e o Nasdaq 100
O S&P 500 abriu a sessão de hoje em 5.340, ligeiramente acima da resistência recente na faixa de 5.300–5.320, que agora pode atuar como suporte de curto prazo. Uma zona de suporte mais robusta se formou entre 5.270 e 5.285, onde o índice havia se consolidado antes da nova alta.
Abaixo desse patamar, destaca-se um nível de suporte mais significativo próximo a 5.170 — ponto de partida da forte valorização observada ontem. Caso o mercado decida corrigir após esse movimento expressivo, essas áreas funcionarão como testes importantes da força da tendência de alta recém-estabelecida.
A resistência imediata encontra-se entre 5.370 e 5.385, enquanto o próximo alvo relevante é a marca psicologicamente importante de 5.450, próxima da máxima histórica do índice.
O Nasdaq 100 está sendo negociado próximo dos 18.700 pontos. Após uma alta tão expressiva, o índice apresenta sinais técnicos de sobrecompra, embora a dinâmica de alta ainda permaneça sólida. Os principais níveis de resistência foram superados, com a região dos 18.400 agora atuando como suporte imediato.
Uma zona de suporte mais robusta está localizada em torno de 18.100, onde houve consolidação e acúmulo de volume antes do rompimento. A próxima resistência encontra-se entre 18.850 e 18.900, sendo o nível de 19.000 um importante marco psicológico.
A configuração técnica atual sugere uma alta probabilidade de recuo de curto prazo ou de uma fase de consolidação lateral. Após um impulso tão intenso, o mercado pode precisar de tempo para absorver as novidades e realizar lucros.
Ainda assim, os fundamentos permanecem favoráveis à continuidade da tendência de alta.
A anunciada redução das tarifas não representa apenas uma pausa nas tensões comerciais, mas também um sinal claro de que o governo dos EUA está disposto a negociar e manter o equilíbrio nas suas relações comerciais.
Esse posicionamento ganha relevância em meio à escalada da retórica contra a China. Apesar da elevação agressiva das tarifas para 125%, a manutenção de canais abertos com outros parceiros pode contribuir para estabilizar as cadeias globais de suprimentos e aliviar pressões inflacionárias.
O cenário atual — reforçado por um forte relatório de emprego, lucros corporativos positivos e o arrefecimento da narrativa da guerra comercial — favorece a continuidade de um crescimento econômico moderado.
No entanto, o ambiente segue frágil. Uma única declaração da Casa Branca pode ser suficiente para inverter rapidamente o sentimento dos investidores. A atenção agora começa a se concentrar nas próximas decisões do Federal Reserve e em sua orientação de política monetária.
Tesla em ponto de inflexão: início de uma nova alta ou armadilha para os touros?
As ações da Tesla Inc. (TSLA) subiram 22,58% em relação ao fechamento anterior. Hoje, no entanto, o papel passa por uma leve correção.
Análise fundamental
Em 2025, a Tesla enfrentou diversos ventos contrários, como a queda nas vendas, o aumento da concorrência — especialmente por parte das montadoras chinesas — e os impactos políticos do envolvimento do CEO Elon Musk com a administração do presidente Trump. Esses fatores contribuíram para uma desvalorização de 34,6% nas ações da empresa no acumulado do ano.
Apesar disso, alguns analistas acreditam que as preocupações podem estar sendo superestimadas. A Benchmark, por exemplo, aponta como possíveis catalisadores de crescimento o lançamento de um novo modelo previsto para o segundo trimestre de 2025, além do início, ainda que limitado, da operação de robotáxis em Austin, Texas.
Também ganham destaque as perspectivas do projeto de robótica Optimus, que tem o potencial de posicionar a Tesla como uma referência em soluções automatizadas. Embora tenha reduzido seu preço-alvo de US$ 475 para US$ 350, a Benchmark manteve a Tesla entre suas principais recomendações de investimento.
Por outro lado, os analistas da Wedbush cortaram sua projeção de preço em 43%, de US$ 550 para US$ 315, citando uma "tempestade perfeita" provocada pelas políticas comerciais de Trump e pelo alinhamento político de Musk.
Análise técnica
A Tesla está sendo negociada atualmente a US$ 263,90. Sua máxima histórica foi atingida em 18 de dezembro de 2024, a US$ 488,54.
Principais níveis de suporte e resistência das ações da Tesla
Suporte: $225 e $186
Resistência: $360 e $421
Os investidores devem monitorar esses níveis de perto, pois um rompimento em qualquer direção pode sinalizar o próximo grande movimento da ação.