S&P 500
Perspectiva para 8 de abril
Mercado dos EUA registra forte recuperação. Parte 2
Principais índices dos EUA na segunda-feira: Dow -0,9%, Nasdaq +0,1%, S&P 500 -0,2% (fechamento em 5.062), com faixa de negociação entre 4.800 e 5.700 pontos.
O mercado acionário iniciou a semana com extrema volatilidade e volumes acima da média.
O S&P 500, que já operava em território de correção (mais de 20% abaixo da máxima recente), registrou oscilações superiores a 400 pontos entre a máxima e a mínima intradiária. O índice chegou a cair 4,7% logo após a abertura, mas reverteu parte das perdas, atingindo uma alta de 3,4% no pico da sessão antes de fechar em leve baixa de 0,2%.
O Nasdaq Composite, que recuou mais de 800 pontos em sua mínima, encerrou o dia em alta de 0,1%, sustentado por uma recuperação nas ações de megacapitalização e de fabricantes de chips.
A recuperação a partir das mínimas coincidiu com a circulação de uma reportagem incorreta, segundo a qual o diretor do Conselho Econômico Nacional (NEC), Kevin Hassett, teria dito que o presidente Donald Trump considerava uma pausa de 90 dias nas tarifas, exceto em relação à China.
Mais tarde, a Casa Branca desmentiu a informação, afirmando que os EUA pretendem impor uma tarifa adicional de 50% sobre as importações chinesas a partir de quarta-feira, caso a China não remova sua tarifa de 34% sobre produtos norte-americanos.
Como consequência, as vendas foram retomadas, embora os principais índices tenham se mantido bem acima dos piores níveis da sessão. Um dos fatores que ajudou a sustentar o mercado foi a reversão nos rendimentos dos Treasuries. Após sucessivas quedas recentes motivadas pela busca por segurança, o rendimento dos títulos de 10 anos saltou 17 pontos-base, para 4,16%, enquanto o dos papéis de 2 anos subiu seis pontos-base, para 3,73%.
Desempenho no ano até o momento:
Dow Jones Industrial Average: -10,8%S&P 500: -13,9%S&P Midcap 400: -16,1%Russell 2000: -18,8%Nasdaq Composite: -19.2%
Os dados macroeconômicos de hoje limitaram-se ao crédito ao consumidor, que caiu US$ 0,8 bilhão em fevereiro (consenso: +US$ 15,1 bilhões), após um aumento revisado para cima de US$ 8,9 bilhões em janeiro (anteriormente relatado como US$ 18,1 bilhões).
A principal conclusão do relatório é que fevereiro marcou a terceira queda no crédito ao consumidor nos últimos quatro meses.
Energia: Petróleo bruto Brent a US$ 64,90.
O petróleo registrou uma leve recuperação após uma forte liquidação, impulsionada pelas quedas nos mercados acionários globais e nos Estados Unidos, com os preços se aproximando da marca de US$ 65. Esse valor representa cerca de US$ 10 a menos em relação aos níveis observados antes do início das guerras tarifárias promovidas por Trump. A commodity continua sob pressão diante das expectativas de uma desaceleração mais ampla da economia global e da redução na demanda por petróleo bruto — especialmente em função do conflito comercial entre os EUA e a China.
Conclusão:
O panorama da guerra comercial iniciada por Trump em 2 de abril está gradualmente se tornando mais claro. A principal "linha de frente" desse conflito é entre os Estados Unidos e a China. O segundo grande player, a União Europeia, limitou-se a adotar contramedidas modestas ou tenta negociar. O Japão, por sua vez, está engajado ativamente em conversas com Trump. Além disso, tanto a UE quanto o Japão foram alvo de tarifas significativamente menores por parte dos EUA, enquanto a China já sofreu a imposição de tarifas de 34% e 20% — totalizando 54% — e ainda enfrenta a ameaça de um acréscimo de mais 50% a partir de 8 de abril, caso não suspenda suas tarifas retaliatórias de 34% sobre produtos norte-americanos. A China já se recusou a ceder.
Nenhum dos lados dá sinais de recuo. Com a possibilidade de as tarifas atingirem 100%, não se pode descartar um colapso total nas relações comerciais entre EUA e China — encerrando uma parceria econômica profunda que remonta à era Nixon–Kissinger, em 1978. Analistas mais cautelosos já começam a levantar preocupações sobre uma possível escalada militar por parte da China em torno de Taiwan, como uma consequência lógica da guerra comercial. Caso esse cenário se concretize, haveria um risco real de confronto militar direto entre EUA e China, com implicações globais.
Perspectiva para o mercado dos EUA: recomenda-se manter posições compradas iniciadas a partir das mínimas recentes e de recuos. Apesar das preocupações contínuas com a guerra comercial, há possibilidade de uma nova onda de alta no mercado americano. Recuos acentuados podem representar boas oportunidades de compra.